terça-feira, 17 de setembro de 2019

Duelo do Tempo


O Tempo...

"O tempo é curto pra quem corre contra o tempo
O tempo é escasso pra quem não aperta o passo
O tempo passa devagar pra quem não tem com quem falar
O tempo quase não passa na vilinha de igreja e praça
O tempo voa, voa, voa, voa, pra quem não está à toa
Tempo é aliado pra quem sabe o que está do outro lado
O tempo voa, voa, voa, voa, e nunca vai parar
Tempo é inimigo mortal pra quem acha que a morte é o final
Tempo é marcação, finito argumento de uma encarnação
Tempo é ficção, meridianos, uma simples convenção
O tempo passa devagar pra quem não tem com quem falar
O tempo custa a passar
pra quem não sabe onde quer chegar"

(O Tempo - Alma Sonora)


Começo esse post depois de muito tempo sem escrever, sem falar da vida que me move. Por vezes nos atropelamos por aí sem perceber e vamos acumulando tarefas, afazeres, trabalhos, responsabilidades e eis que quando damos um stop nos assustamos com Cronos e Kairós.
Coisas aconteceram e eu na correria da vida, o que não deveria mais acontecer, perdi esse momento de escrever.
Fui lá na clínica algumas vezes, estudei... fiz uma especialização no desafio de testar minha mente, meu processo cognitivo



Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.   Carl Jung

***
mitologia-grega-cronos-e-kairos-3


E não é que é uma loucura!?
Comecei a escrever na semana passada depois de muito tempo, de perdas de senha, de e-mail não reconhecido... um quase parto! Mas enfim, quem tem filhos consegue tudo em se tratando de tecnologia... Valeu filho!
Comecei a escrever e parei porque um chamou para uma coisa o outro também... e a terceira outra vez... aff! Tempo!Tempo! Tempo!!!
E é sobre esse Tempo todo poderoso por vezes mocinho e outra vilão que decidi parar nele e escrever, porque escrever é terapêutico, é libertador.
Quando falamos de tempo pensamos muito naquilo que não se fez, na qualidade do tempo vivido, na oportunidade. Também pensamos no calendário que voa, esse que nos devora assustadoramente e que nos faz correr cada vez mais quando que na verdade deveria nos fazer "desacelerar" e é preciso se dar um tempo para se viver, viver com qualidade e não tão somente parar o tempo quando se está diante de um diagnóstico paralisante por si só.
Só agora me dou conta de que os dias Cronos está indo, indo,indo... e que muita coisa aconteceu numa velocidade que não me permitiu falar, digo escrever.
Esse ano em Março, depois de 8 anos tive a alta... A tão esperada alta, aquela que definitivamente nos condecora com a melhor medalha, o melhor troféu, aquele que diz: Venci a batalha!
Essa alta médica dá um alívio... principalmente porque atrelada a ela estava a suspensão do tão famoso e comentado Arimidex- Anastrozol. Uma medicação que era tranquila, mas que me deixava um tanto quanto com meus ossos sendo lembrados insistentemente e contraditório a isso a minha cognição, memória afetados.
Perceber essa alteração foi um processo e um trabalho contínuo já que por alguma questão a minha mente, meus conhecimentos, minha memória são de grande importância pra mim.
Percebi no início do tratamento uma dificuldade de compreender os assuntos, de ler uma página por inteiro, de aprender coisas novas... Quase surtei kkkkk respirei fundo e fui. 
Pensei: caramba! O Câncer não me abalou e isso vai!? Não, não, não! E fui fazendo exercícios, lendo várias vezes a mesma página, ouvindo as mesmas músicas... 
O trabalho como artesã, as aulas, as alunas, as oficinas... tudo havia crescido e recebido um destaque. Percebi ali um compromisso mais sério naquele espaço, naquele ateliê. Não bastava apenas ensinar técnicas, falar do meu caso, ouvir emocionantes histórias... era preciso saber ouvir e ouvir muito mais do que falar, mas ao falar saber como.
E em 2017 resolvi fazer uma especialização em Arteterapia em Educação e Saúde na busca de entender esse universo da arte e da terapia, da arte como um agente transformador, curativo, e claro, também como um desafio íntimo... Precisava me lançar e descobrir até onde poderia ir, sair da zona de conforto e me ver capaz de ler um texto até o fim e compreendê-lo, saber defender uma ideia, produzir uma arte durante as oficinas propostas, ser capaz de construir um pensamento e expor. Foi um grande desafio retornar a sala de aula depois de tudo, mas consegui vencer os medos, as dificuldades...
O Câncer vai além das células, ele tenta se infiltrar em cada instante, em cada pensamento e quando conhecemos nosso corpo, nossa química interna, nossas emoções... estamos atentos e ele não faz morada.
Receber a alta foi um alívio. Como disse: a medalha, o troféu por escrito, porque as conquistas já haviam acontecido quando eu venci meus próprios desafios.
Continuo lendo muito, dando minhas aulas, ouvindo histórias e conscientizando com a minha vivência a importância do autoconhecimento.
Ainda me proponho alguns desafios e é isso que me move!
O tempo é o tempo e devemos fazer as pazes com Cronos e Kairós porque o mundo gira em torno de si e do sol e isso é inevitável, portanto faça desse tempo um tempo de oportunidades bem vividas. Acredite: O mundo muda de cena em menos de um segundo!











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